Dois hotéis históricos na cidade de Balneário Camboriú (SC) serão demolidos. Os empreendimentos, que acompanharam o desenvolvimento turístico da cidade, serão substituídos por arranha-céus de luxo.
O Hotel Fischer, que hospedou dois ex-presidentes brasileiros — Juscelino Kubitschek e João Goulart — é o primeiro deles. Erguido em 1957, o local é conhecido pelas referências alemãs na arquitetura e por fomentar a vocação turística da cidade.
Construído a partir de quatro andares iniciais, o hotel foi ampliado em 1970, com a edificação de outra torre, anexa ao terreno. Ela tinha 12 andares e um heliponto — o primeiro da cidade.
O Fischer chegou a ser considerado no processo de tombamento histórico, mas a proposta foi negada pela Câmara de Vereadores. O prédio foi desativado em 2009 e vendido em 2012.
Hoje, o hotel dará lugar a duas torres de luxo, de 50 e 53 andares, com mais de 165 metros de altura cada. O nome dado ao novo empreendimento será “Fischer Dreams”, em homenagem ao prédio construído anteriormente.
O segundo hotel é o Marambaia, construído em 1964. Ele será parcialmente demolido, e o restante permanecerá preservado. O hotel dará espaço a um novo prédio na Avenida Atlântica, localizada em frente à Praia Central — a praia que foi recentemente alargada em toda a extensão.
A fachada circular foi protegida como área de interesse histórico do município pelo Plano Diretor de 2008 — diferente do prédio atrás dele, construído em 1970, que foi vendido e adquirido pela empresa responsável pelo empreendimento. A previsão é de que as obras se iniciem em 2023.
O Marambaia foi construído por Roberto Veronese, que utilizou de influências modernistas brasileiras e da escultura “Marambaia” em sua composição. Ela representa o marinheiro e “homem que vigia o mar”. A obra, por sua vez, foi construída pelo artista Paulo de Siqueira, importante arquiteto gaúcho, durante a ditadura militar.
A administração municipal de Balneário Camboriú informou que não tem catalogado prédios com mais de 50 andares na cidade.
A 5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Balneário Camboriú, por sua vez, informou que tem uma ação civil pública em análise, que pede a atualização da lei do Plano Diretor. Ela alega que o projeto discute a situação de patrimônios históricos e conservação, entre outras demandas.